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segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Uma de 12 metros por década, no mínimo...

artigo publicado no Jornal de Santa Catarina de hoje - 12/09/2011 - Arq. Christian Krambeck (www.terra.arq.br)
Primeiro, desejar força aos atingidos e uma rápida recuperação com apoio dos poderes públicos em todos os níveis. Segundo, agradecer pela fé e energia positiva de todos terem impedido que chegássemos aos 14 metros previstos e por termos apenas perdas materiais na maior parte das cidades. Terceiro, reconhecer que temos um sistema razoável de Defesa Civil, focado e organizado no pós-desastres e que funciona satisfatoriamente.
Quantos a outras perguntas, vamos ao ponto: apesar de estarmos no Século 21, nosso sistema de monitoramento e previsão é arcaico e pouco confiável, com antecedência de algumas horas apenas. Temos boas intenções, mas o poder público não é capaz de construir uma resposta definitiva. Quando os morros caem, fazem um departamento de geologia; quando há enxurrada, limpam as tubulações e tiram areia do leito do rio e devastam as matas ciliares; quando reclamamos que não há planejamento, fazem uma ou duas reuniões e dizem que temos projetos para 2050.
Um pouco da culpa é nossa, que além de esquecer rápido, pressionamos para que nossos terrenos abaixo da cota 11 sejam liberados para aterrar e construir qualquer coisa. Também não exigimos um plano mais amplo e abrangente que resolva de forma inteligente a relação da ocupação territorial humana com a natureza e sua dinâmica natural. Temos que aceitar que muitas áreas não podem e não poderão mais ser ocupadas.

O mais importante é se perguntar como prevenir estes desastres, já que não é possível mudar a dinâmica da natureza. A criação de um órgão de planejamento ambiental e prevenção de desastres talvez seja um primeiro passo. Ele seria responsável por coordenar as várias ações do poder público, buscar tecnologias e recursos humanos, articular as ações e secretarias, com a realidade das cheias e desmoronamentos. Seria responsável pelo antes, pela prevenção, trabalhando em consonância com a Defesa Civil, responsável pelo durante e pós-desastre.



CHRISTIAN KRAMBECK|ARQUITETO E URBANISTA

Um comentário:

LeandroLudwig disse...

Muito bom o artigo professor, parabens. Acho muito importante a criação de um novo orgão especializado para atuar nas catastrofes ambientais.

Mas tão importante quanto a criação deste novo orgão, é a organização e restruturação dos orgão que dão apoio e atendimento a população. Orgãos como bombeiro, policia militar, policia rodoviaria e defesa civil não podem ser afetados pela enchente como são.

O que eu vi nessa enchente que passou, foi a policia, bombeiro e pr serem afetados e passarem a atuar de modo improvisado. Ou seja, em uma situação critica onde a presença destes orgãos deveria ser reforçada, esta foi improvisada para atuar com o minimo necessario para atuar em um dia comum.


Talvez a criação deste novo orgão de planejamento ambiental e prevenção de desastres sirva como opção para organizar estes outros orgãos para atuarem de forma efetiva, reforçada e em conjunto nos momentos criticos como os vividos.

Abs