Páginas

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

E assim caminha Blumenau, rumo a 2050...


Fechando os olhos, fechando as portas dos parques, derrubando árvores, querendo concretar bordas de rios, aprovando projetos de alto impacto paisagístico e de mobilidade em áreas de precioso valor histórico. Restringindo o debate sobre as intervenções urbanas, na tábua raza do racionalismo, imediatismo. Precisamos rever os valores que estão sendo considerados ao pensar os rumos da nossa cidade.

Precisamos entender melhor a nossa responsabilidade pelo futuro da cidade, qualificar o debate, buscar estratégias mais articuladas e democráticas. Não é apenas uma questão política de querer fazer, mas sim responder ao querer de quem? O que assistimos hoje são monólogos desencontrados, proposta mirabolantes, com perspectivas eletrônicas espetaculosas (Blumenau não é Dubai hein?!) ações imediatista para “apagar incêndios”.

Precisamos colocar em pauta o resgate da função social da cidade, respeitar o querer da comunidade, proteger nossa paisagem, falar de urbanidades. Sabemos sobre as intenções dos projetos Blumenau 2050, mas o que adianta a intenção se na hora de colocar em prática recebemos notícias como essas, parques fechando, ilhas de arranha céus iniciando a construção, me desculpem mas não vejo coerência nesse discurso.


Agir pontualmente em áreas como nosso centro histórico é um equivoco, precisamos de uma estratégia mais ampla e articulada, que possibilite novas conexões, criar novos usos, resgatar a memória e o significado desse lugar. O incentivo a habitação é favorável para vitalidade, mas o problema esta no dialogo com o espaço publico, com a paisagem. O projeto aprovado no conselho de planejamento nega a conexão com a rua e não apresenta alternativa de amenizar o impacto na mobilidade, além da agressividade na altura dos edifícios, falemos de gentilezas urbanas.


Temo em ver nosso centro histórico se transformar em uma espaço de passagem, cada vez mais isolado, etéreo e violento. O desenho que se inicia essa semana em nosso centro histórico, registra oficialmente a responsabilidade das nossas contradições. Me perdoem o desabafo mas não vejo luz nesse caminho.

Daniela Pareja
Arquiteta I estúdio terra

Nenhum comentário: