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quarta-feira, 21 de julho de 2010

NOVO PRÉDIO DOS CORREIOS BLUMENAU!




PUBLICADO NO JORNAL FOLHA DE BLUMENAU, 15 de Dezembro de 2009.

Trata-se de um crime contra a paisagem urbana e a arquitetura de Blumenau, não podemos deixar de nos manifestar contra este presente de grego, dado a nós pela Empresa Brasileira de Correios. É lamentável que em pleno século XXI ainda tenhamos essa anti-cultura de projetar e CONSTRUIR um proto-pseudo-enxaimelado no centro de nossa linda cidade de colonização original predominante alemã. Claro que não podemos esquecer que tal colonização faz parte do passado, que deve ser respeitado e admirado, mas muitas outras ricas culturas se somaram a alemã para compor a identidade cultural de Blumenau, italiana, nordestina etc. De qualquer modo devemos repudiar de forma veemente soluções como a do novo prédio dos Correios, porque fere nossa identidade, mancha a paisagem urbana, cria uma falsa referência e confunde as pessoas porque não se trata de técnica construtiva enxaimel e nem tem referência com nenhuma arquitetura ou qualquer coisa que as pessoas conheçam ou se lembrem. A implantação é muito ruim, pois está grudada na calçada, que já é apertada; está um pouco elevado, impedindo o fluxo natural e direto e a relação dentro-fora, detonando a escala humana e a possibilidade de perspectiva, ou seja, das pessoas olharem e compreenderem o edifício, o objeto construído, que deve compor com a paisagem do entorno, enriquecendo-a. Não é o caso. Algumas paredes tortas e enviesadas, telhadinhos como se fossem apêndices sem sentido e aberturas pequenas e repetitivas compõe esse disparate arquitetônico que nos foi dado de presente. É preciso sair dessa postura aculturada e pensar o futuro, afinal, olhar pra frente é um dos principais componentes e alimento da cultura de um povo. Tudo só faz sentido, inclusive conhecer, estudar e respeitar o passado se for para caminhar para frente de uma forma melhor e mais equilibrada... Em pleno século XXI já está na hora de superarmos esse complexo de mundo da fantasia, vivendo de referências antigas e ultrapassadas, que já passaram. Para garantir um futuro melhor, pensando inclusive soluções ambientais e urbanas para diminuir o risco de novos desastres, tornando mais equilibrada a relação do homem com a natureza no Vale do Itajaí, passa necessariamente por uma nova forma de pensar, mais arejada, mas democrática, mais tolerante. Fundamentalmente com o novo como referência. A base disto deve ser a compreensão de nossa história, nossa cultura, nossa arquitetura e urbanismos anteriores, e não simplesmente, de forma alienada oferecer cópias mal feitas, que não atendem mais às necessidades e expectativas da sociedade do século XXI.

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